Abraço sem tamanho, apenas forma.

O tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante...

Eu me deparo com essa frase na cabeça ao despertar de uma semana de muitos momentos fortes. Ela é tão estranha, mas tão simples pra mim, tão verdadeira. Verdadeira a ponto de me impulsionar a escrever mais um texto.

É possível que as pessoas pensem em um abraço como algo íntimo, ou até superficial dependendo da situação. Já outros podem lembrar-se com muito carinho de um abraço. Aquele abraço dado na sua despedida quando ia pra outra cidade. Aquele abraço que sua mãe te dava quando você chorava por ter apanhado ou caído de bicicleta. Aquele abraço que alguém que você amava te deu, simplesmente dizendo que você é incrível e que te ama. Aquele abraço de Ano Novo que seus amigos te deram e te desejaram "que esse ano seja melhor que o que se foi". Enfim... São tantos os abraços, são tantas as histórias. E eu me lembrei hoje ao acordar que essa semana só recebi abraços. Uns mais incômodos, outros mais reconfortantes, outros muito singelos, outros bastante aquecidos. 

O tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante...

Essa frase me lembra das inúmeras vezes em que ficamos a pensar a dificuldade de se viver esse mundo e olhamos ao redor e vemos tantas pessoas, todas olhando de volta pra nós, e todos juntos em busca de um mesmo propósito: Fazer da vida o melhor que se puder.

Eu acho que o perdão é uma forma de abraço. Nem sempre se sabe o que fazer quando se sente machucado, mas daí vem aquela lembrança, a lembrança do "por quê" e do pra "pra quê" vivemos tudo aquilo. Resolvemos perdoar as magoas, as dores, os desentendimentos, as ausências. Em suma, abraçamo-nos fortemente. Porque perdoar faz muito mais bem a quem perdoa que a quem é perdoado.

Eu acho que amar é uma forma de abraço. E como então eu disse na frase inicial, agora transfiguro-a para prosseguir: O tamanho do amor não importa, se a forma for compensante...

Pena parecer tão injusta essa nova frase. Como não se importar com o tamanho do amor, mas somente com a forma? Eu não sou cética, nem desejo ser. Abstenho-me de minhas inquietações interiores e declaro: As pessoas se importam tanto em amar grandemente, que esquecem da forma (leia-se intensidade). Trocando as palavras, quantidade ainda vence qualidade. E eu gostaria que ambas sequer brigassem.

Essa foi uma das indagações que percorrem minha semana. No entanto, eu finalmente a venci.

O tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante...

O poder de ter amigos é o poder para vencer esse mundo tresloucado. Momentos breves são eternos ao lado deles. Momentos chatos são mais divertidos ao lado deles. Momentos críticos são resolvíveis ao lado deles. A ênfase ás palavras "ao lado" deve ser dada. Não se trata nem de longe de uma questão de distância ou proximidade geográfica. Isso seria extremamente efêmero.

A quietude de anos me faz ver o mundo de um jeito diferente. De um deito desconcertante até a quem já me conhece bem. Temer ser julgada por esse jeito é apenas consequência, não a causa de minhas motivações. É uma quietude barulhenta essa que me acompanha. E sim, tudo é paradoxo. E eu volto a ideia clássica de que eu sou um "pequeno e gigantesco paradoxo".

O tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante...

A minha alegria torna-se constante se eu vivencio tantas transformações e me modifico de forma satisfatória. A minha alegria não é ser compreendida, mas percebida de uma forma menos simplória e insignificante. A minha alegria é olhar nos olhos das pessoas e ver que posso ajudá-las sem receber nada em troca. A minha alegria talvez seja suicida, mas é minha, e dela não abro mão. 

Porque, o tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante...

Voar é uma vontade, é uma realidade, é uma maneira leve e sóbria de ampliar a visão. O abraço também é voo. Também é expansão, por mais apertado e aconchegante que seja. Abra os braços, abrace! Deixe-se abraçar! Vai gostar de voar tanto quanto eu, e olhe que eu sou mera iniciante nesse prazer contente de comunicação. Tudo isso enfim e simplesmente porque... O tamanho do abraço não importa, se a forma for compensante!