Amor e Tempo



Quem diria que o tempo seria resposta de muitas questões desconfortáveis, quem diria que ele seria a grande solução, o grande caminho pelo qual o amor chegaria. Quem diria?
Já é meu clichê escrever sobre tempo, mas não era nada clichê escrever sobre amor nessa vida imersa em confusão. Era imensamente reticente esse meu pensar sobre tal aspecto da vida, era ainda inconclusivo o que seria tal criação do Divino.
Mas foi aí, entre mares e mares de medos, entre dúvidas e desistências que hoje o tempo deu seu ar de graça, trazendo-me a resposta infinita do que o amor é (ou ao menos do que ele parece ser pra mim).
O amor é leveza, só posso dizer isso pra começo de conversa.
Não é nem de longe prisão, mas se fosse seria uma prisão voluntária. Não é fardo, nem deve ser. Não é dúvida, é certeza indefinida de onde vem ou para onde vai. Ele é leve, é um vento doce, é uma sorte inquietante, é um oceano de sensações. Mas só o tempo o traz, porque só ele o define.
O amor é porto seguro, só posso dizer isso como segundo ponto de conversa.
Traz estabilidade, segurança e confiança, mesmo se houver preocupação, mesmo se traumas quiserem atrapalhar a jornada nova que ele propõe. Não é insegurança, não é corda bamba, não é elemento pontiagudo incomodando. É firmeza de desejo, é direção sempre presente, é frio na barriga (porém muito agradável).
O amor é alimento que nutre, para falar terceiramente nessa conversa.
Sacia tudo, não deixa lacunas nem vazios, fortalece e dá vigor. Nunca é um lanche inacabado, frio ou desleixado. É sempre alimento principal, sustentador da experiência de viver.
E por fim, o amor é bem querer que não acaba.
Não maltrata, não esnoba, não destrói nem inferioriza. É paciente por apreciar o outro, é dócil por querer ver a felicidade estampada e é sensível por sentir-se grato. É desejoso de ficar, de abraçar e beijar, é animado e perseverante, esforçado e confiante. Quer tão bem, mas tão bem, que cumpre o segundo mandamento com primor, ama o próximo tal qual a si mesmo.

O amor enfim, é questão de tempo. E é no tempo que aprendemos a manuseá-lo, não porque ele seja líquido, mas porque de tão raro tornou-se difícil de dominar. O tempo me trouxe ele, deixou um bilhete em cima, dizia "sorria, chegou finalmente", aí eu sorri pro bilhete, mas também pro presente do amor recém aprendido. Agora que ele está comigo, não há mais como me confundir sobre o tal. A estrada com ele é tudo isso, porém não é só isso. A aprendizagem é árdua, mas é singular.


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