Submersa



Afundando, mergulhando sem ar
Sorrateira água que me dá vida
E também me impede de respirar.

Afogada
É assim que estou.
Como se não houvesse espaço
Em volta.

Está tudo turvo.
Eu costumava saber o que fazer
Mas hoje estou no modo mudo.
Ansiando pelo salva-vidas
Se é que ele veio trabalhar.

Parece que enfiaram minha cabeça água abaixo.
Só que mesmo sem a mão
Pressionando-me
Continuei aqui.

É um pretexto burro, eu sei!
Pra apagar todos os erros.
Pra experimentar paz na submersão.
Não há outra forma infelizmente
Eu andava muito, muito carente.

Aqui em baixo eu vejo borrado.
Aqui em baixo eu vejo miragens.
Mas é melhor que a terra acima
Com sua tamanha falta de rima.

Fuga.
Corrida.
Afogamento.
Estou submersa por um momento
Não me atrapalhe
Se não houver motivo bom.

Eu vou sair daqui
Mas hoje não.
Eu vou emergir
Talvez amanhã.
Quando a coragem surgir
E meu descaramento frente à vida
Monocromática e igual, surgir.

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