Me dê sua mão, vamos juntos!



O tempo. As pessoas. As mudanças. Os encontros. Os desencontros. Enfim.

Há meses não consigo por uma só palavra no papel, e isso me inquietou de tal forma que deixei tudo de lado, sofri pelo momento, pela crise de realidade. Enquanto pensava sobre tudo, entendi ser mais uma fase, e que não vou sair dela facilmente. Eis a grande dificuldade de uma mente insone, acreditar que vai passar, mas no fundo sei que vai. Tudo passa, mesmo quando não aparentemente. 
Deixei um pedaço de mim lá atrás, há meses atrás, a melhor parte talvez, mas ainda estou aqui. Inteira, mesmo despedaçada. Estou tentando uma reconstrução maior que as já vivenciadas, quem sabe até uma reforma completa em meu "eu". Em meio às alterações que ainda virão (algumas já deram o "ar da graça"), despir-me-ei dos medos, anseios e preocupações... Os deixarei expostos ao sol, para secar, e se o inverno chegar rápido demais, apenas sorrirei como se já o esperasse.
Quantas vezes estive amarrada a antigos modos de enxergar? Quantas vezes pensei não conseguir ir adiante após uma mudança? Quantas vezes? Um milhão de vezes... Porém a experiência é isso, uma caminhada sem spoilers, que assusta e surpreende. Tenho encontrado seres dignos de companhia, outros nem tanto, e isso foi o maior gracejo recebido depois de tantas nuvens escuras. A sensação de ser ouvida é acalentadora, a necessidade de abraçar olhares compreensivos também. Sinto-me como alguém que, assentada na janela de um dia frio, sabe bem aonde quer chegar, e que precisava de alguns encontros para tal proeza. Sim, venho enxergando uma imensidão de propósitos em tudo, até no assoprar do vento em meus pretensiosos e furtivos pensamentos.
As vezes há um desejo de sumir, até ausentar-me do espaço e tempo em que habito, mas logo vem a contemplação das experiências as quais fui levada a observar. Sabe de uma coisa? Valeu cada segundo, mesmo doendo muito... Meus momentos têm feito surgir o entendimento sobre a beleza de coisas pequenas, dos detalhes. E eles importam tanto quanto um tesouro.
Desligue as redes sociais, saia pra correr, ouça sua música favorita no replay por quantas vezes desejar, diga "eu te amo" para alguém que te acompanha há muito tempo, tome uma bebida quente, escreva algo sincero pra si mesmo (a), guarde as boas memórias, ande um pouco na chuva, sinta o cheiro do café na cozinha, brinque com uma criança, dance sem música, veja seu filme ou série preferido (a), volte a fazer algo prazeroso que deixou de fazer, leia um livro, visite as pessoas, fale de algo engraçado, dê gargalhadas, chore num lugar só seu, leve alguém especial a um lugar só seu, acaricie um bichinho de estimação. VIVA! Você não sabe quantos dias terá a sua vida, e ainda a desperdiça sem pensar. Não pense nas coisas como imutáveis, porque ainda que pense assim, as coisas já estão mudando, aí, agora, sem você perceber. Tudo muda o tempo todo, nós mais ainda.
Colocar a própria casa em ordem não é fácil, talvez menos fácil quando nós somos a "casa". Tenho visto meu "eu" e desgostado do caos, mas estou aprendendo que ele é o passo inicial de algo muito bom, que só virá a depender de mim. Do tamanho dos meus sonhos, do tamanho dos meus passos. É preciso me encontrar, depois desencontrar, e então, mudar. No processo existem lágrimas, apertos no peito, angústias e medos. Nunca sabemos o tamanho do trajeto nem do processo. Valorize quem o passa com você, valorize a si, sua coragem, esforço e persistência. Lembre que se for preciso se comparar, o faça consigo, ontem, anteontem, há um mês atrás. Não sofra por não parecer com os outros, eles não precisam servir-lhe de parâmetro, pois você é único em suas peculiaridades. 
Os sonhos são importantes, mas não viva neles o tempo inteiro, pois há um mundo aí fora, precisando de sua contribuição, ideias, sorriso e cosmovisão. O amanhã virá e poderá ser bom como deseja, mas ele é construído do seu hoje, e não é possível "amanhã bom" sem "hoje produtivo e com senso de gratidão". Ame as pessoas, use as coisas, e nunca altere a equação. Enfim, seja feliz sendo você, e mais ainda se conseguir melhorar quem já é. 
O tempo me mudou bastante. Os últimos meses trouxeram uma avalanche na minha frágil vida, mas estão sendo o meu melhor professor. Amei os meus encontros, sofri com os desencontros. As pessoas ainda não sabem o que alimenta meus devaneios, mas irei adiante, com paciência e muita esperança. O amanhã está em mãos perfeitas. Eu acredito firmemente nessa verdade. Acredita comigo? Então me dê sua mão. Vamos juntos!


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